Donatar (45)

Os guardas olham um para o outro, indecisos. O que falou faz um aceno de cabeça para o outro. Este, depois de alguns instantes de hesitação, entreabre a porta e sussura algo para alguém que está do outro lado.Depois de ouvir uma resposta também sussurrada, recolhe a lança e fica em posição de sentido, sendo imiktado pelo companheiro.

As portas se abrem e um arauto de voz grave toca um tambor antes de anunciar:

— Tyssine de Tael!

Donatar (44)

Mírwen e Akanien percebem que Tjeda entra no pátio, acompanhando o duque de Hantar e, evitando olhar para os dois elfos, encaminha-se a outro canto, enquanto seu senhor entra na sala do trono.

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Quando Mírwen e Fandar se aproximam, os guardas na porta cruzam as lanças, impedindo sua passagem.

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Guraldth chega ao acampamento e é recebido por Tenoc.

— Ah, aí está você! Estávamos mesmo precisando de um sujeito forte. Temos algumas encomendas para Kazul, o ferreiro. Elas estão naquela carroça, é só levar até a oficina e descarregar. Pode fazer isso?

Donatar (43)

— Obrigada, Mírwen! Eu sabia que podia contar com você! — diz Nária, mal conseguindo conter sua alegria. — Mas receio que não tenha muita coisa para contar sobre o que você me pergunta. De qualquer forma, aqui está um salvo-conduto para você entrar no palácio — acrescenta, discretamente passando um pergaminho à elfa.

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— Um nobre gesto, senhorita, mas talvez seja tarde demais. Parece não haver lugar nesta corte para elfos. Pelo menos não depois de o herdeiro de Verrogar chegar aqui — responde Eneon, antes de sair.

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Fandar ouve trechos de conversas em élfico e malês:

"Ouvi dizer que Glif cortou a ponta da orelha. Disse que renunciava a ser elfo. Foi quando Eneon saiu da sala."

"É o próprio rei de Verrogar que vem."

"Todos os elfos serão banidos de Donatar, e depois, de todo o reino."

"A condessa de Malien estava tendo um caso com o cocheiro."

"Mandaram um batalhão para a fronteira com Âmien."

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Aos poucos, os elfos começam a esvaziar o salão. Muitos deles carregam sua bagagens para fora da estalagem. Trocam-se despedidas e conselhos.

Donatar (42)

Nária faz uma cara de assustada.

— Acha mesmo que pode haver alguma relação? Não sei, meu pai quer apenas dar um jeito de recuperar suas finanças... Bem, e quanto à situação política, sei que ele pensou até em afastar vocês e contratar uma guarda de humanos, mas no fim mudou de idéia.

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Eneon entra no pátio, vindo da sala do trono. Faz um sinal para três elfos que estão perto da fonte e estes imediatamente o acompanham, indo embora do castelo. Antes de sair, com passos firmes e semblante contrariado, o nobre cumprimenta Tyssine com um aceno.

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Cinco soldados, armados e com cotas de malha parcial, entram na estalagem. Os elfos abrem caminho para a passagem do grupo. Um dos militares, que parece ser o líder, vai ate o estalajadeiro, conversa com ele por alguns instantes e depois vai embora, acompanhado pelos outros.

Donatar (41)

Nária leva Mírwen até um canto mais discreto do pátio e diz, sussurrando:

— Você precisa me ajudar, Mírwen... Papai quer que eu me case com o duque Pedrion Delara. Mas ele é um velho horroroso! Eu prefiro morrer a me casar com ele, mesmo que seja rico e poderoso! Por favor, preciso que você e Tyssine me ajudem. Vocês vão me entender... Eu quero fugir com Dom Di Caprio! Ele me ama! Olhe, ele não é lindo?

E discretamente aponta para um belo rapaz que, de outro canto do pátio, olha para as duas.

Donatar (40)

Guraldth bebe, bebe, e nada de aparecer alguém conhecido...

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Magarak, contrariado, limita-se a responder:

— Não gosto de verrogaris também. Mas a situação de quem anda com elfos já está difícil e não preciso que vocês deixem tudo ainda pior. Sejam discretos e não provoquem confusão.

Dizendo isso, sai. Mas Nária, que o acompanhava, fica e discretamente chama Mírwen para uma conversa.

Donatar (39)

Guraldth encontra a estalagem Águia Vermelha lotada de elfos e alguns meio-elfos, mas nenhum dos que viu na véspera. Todos comem suas refeições leves, em geral leite quente com pão preto, e conversam em tom baixo, a maioria em élfico, os olhos vivos brilhando de curiosidade, surpresa ou revolta.

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Arnil responde a Tyssine com uma reverência e um "Pois não, senhorita". Marl, ao ver que a elfa está indo embora, diz que vai preparar seu prato preferido para o almoço e recomenda que tome cuidado com a chuva.

Os elfos atravessam a cidade e chegam mais uma vez ao palácio real. Um dos sentinelas reconhece os quatro como integrantes da guarda de honra do conde e permite sua entrada.

No pátio interno, o cenário é o mesmo de ontem, embora pareça haver um pouco mais de tensão no ar. Magarak, ao ver que sua escolta chegou, diz:

— Ah, aí estão vocês... Mas onde está Mendagor?

Donatar (38)

— Você é esquisito mesmo, grandão. Mas é um bom sujeito. Fique tranqüilo, se eu encontrar Lillgloo não vou dizer nada sobre você. Boa sorte! — responde Lúdia, acenando e indo embora depois de receber de volta o saco de moedas.

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Fandar arromba o fecho do cofre com alguma facilidade. Dentro dele há alguns lençóis dobrados, um estojo de trabalhos manuais, dois livros em élfico ("Sendas de Siltam - Uma viagem pelo sul de Ludgrim", de Arnulfa Armeegol, e "A cada dia, um despertar: poemas escolhidos de Gilian Marguile"), alguns velhos produtos de maquiagem da mãe de Tyssine, uma lâmpada e um frasco de óleo, e um pequeno tapete enrolado.

Donatar (37)

Lúdia joga um saco de moedas na cabeça de Guraldth.

— Bem, se isso é o que você chama de problema, pode deixar que fico com todos os seus. Você sumiu e não pude dar a sua parte no golpe, mas aí está. Deve ter mais ou menos meio cavalo nessa bolsa, mas ele não vai precisar de ferraduras.

Ela salta para o chão e dá um soquinho na barriga do parceiro.

— Então, qual é a jogada agora? Vi que você está no meio daqueles mercadores, muito bom! Não acreditava que você pudesse conseguir. E aí, o que tem de bom?

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A cômoda e o armário estão abertos. Mas neles só se encontram algumas roupas e sapatos bem velhos, brincos e broches, um caderno (em branco), pena e tinta. O baú está trancado.

O quadro é assinado por Larroste Elienas.

Donatar (36)

Lillgloo termina de ajudar a armar as barracas. Ao se afastar um pouco, quando passa por uma árvore, sente algo bater em sua cabeça.

— Psiu! Ei, grandão! — diz uma voz familiar, que parece vir da copa da árvore.

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Mirwen destrói a maçaneta e a porta se abre, revelando um quarto escuro e com cheiro de mofo. Abrindo as cortinas para deixar entrar o sol, os elfos vêem que há uma cama, um armário, uma cômoda (sem qualquer objeto sobre ela) e um baú.

Na parede em frente à cama, destaca-se um quadro: um retrato de uma bela elfa em trajes de gala, facilmente reconhecível como Tyssine.

Donatar (35)

Bem, considero então que todo mundo foi dormir...

Um novo dia nasce em Donatar. O sol vence as nuvens e começa a secar as ruas úmidas da chuva fina que caiu a noite inteira.

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Na caravana, Lillgloo acorda com o barulho dos mercadores, que armam suas tendas e começama apregoar os prdutos trazidos de distantes reinos.

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Os criados servem o café da manhã. Akanien, Fandar, Mírwen e Tyssine despertam depois de uma boa noite de sono.