Serfa (11)
"O que é circo?", pergunta Butrik.
"É um lugar cheio de curiosos orelhudos", responde Bitruk.
"E o que fazem com eles?"
"Jogam num caldeirão!"
"Como aquele que Dulo entornou agora?"
"Não, um maior e mais quente e mais fedido!"
O alegre diálogo, porém, é interrompido pelos gritos do mestre. Os dois olham para Akanien com um ar intimidador e, sem dizer uma palavra a mais, saem correndo.
Maxim, de tão irritado, sequer ouve o que Tyssine tem a dizer. Assim que seus dois pequenos ajudantes chegam, ele vira o rapaz de costas, levanta a camisa dele e diz aos pestinhas:
"Dêem uma lição nesse desastrado!"
Os dois dão cambalhotas de alegria.
"Por favor, mestre, não foi minha culpa", choraminga o rapaz. Mas logo os pequeninos começam a surrá-lo com dois caniços que trouxeram rapidamente de dentro da tenda.
"Estou mesmo cercado de incompetentes!", lamenta-se Maxim, olhando para o céu, como se esperasse uma luz. "Veja só", diz a Tyssine, em seguida. "Eu me dedico tanto, tentando dar a esses jovens uma oportunidade, e é assim que me retribuem!"
Enquanto isso, Mírwen tenta localizar o saco dos cogumelos, o que não é fácil, considerando-se que ela não viu o objeto e procura algo no meio de um monte de outros itens, num ambiente de penumbra. Por mais que olhe, não consegue descobrir onde ele pode estar.
Para complicar ainda mais as coisas, o elfo atrapalha a sua visão. E sai da tenda levando o saco.
Voltando para o lugar onde trabalhava, ele começa a tirar cogumelos de dentro do saco e diz a Fandar:
"Bem, como eu já disse, se não tiver como ajudar, por favor, não atrapalhe. Não quero que me aconteça o mesmo que com o pobre Dulo, ali."
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Lillgloo anda pelas ruas de Serfa até chegar à porta do Encontro dos Viajantes. Entretanto, o luxo do lugar deixa claro que uma hospedagem ali custaria bem mais que seus parcos recursos permitiriam.
Antes que possa tomar qualquer outra decisão, percebe que uma menina do povo, aparentando os seus oito anos, o olha de alto a baixo. E, quando se vira para ela, ouve-a perguntar:
"É você o escolhido?"
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Aos poucos, surge um brilho nos olhos de Aion.
"Fale-me mais, homem santo. Eu poderia servir a um deus, se tivesse certeza de que seria aceito. Mas, se ele é tão justo assim, por que sofro tanto? Que tipo de justiça ele pode me oferecer?", ele pergunta.