Serfa (34)
Enorim fica surpreso ao encontrar Tyssine e mais ainda com o pedido que ela lhe faz. E responde:
- Lamento, minha cara. Se soubesse antes, poderia até ter aceitado; mas o pai daquela moça com quem toquei me pagou muito bem, com a condição de que eu não ajudasse nenhuma outra candidata. E, por mais que um ou outro possa dizer o contrário, eu sempre cumpro meus tratos. Sinto muito, talvez em outra ocasião eu possa ser útil.
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Antes que qualquer outro jurado se pronuncie, a organização do concurso anuncia a entrada de uma competidora de última hora: Ulora, filha de Caesarparken, o comerciante. Ela sobe ao palco acompanhada de Akanien, com quem combinou às pressas seu número - uma velha canção de amor, cuja melodia é bem conhecida em todo o continente.
Akanien toca corretamente, sem problemas. E, quando Ulora abre a boca, encanta todo o público com sua voz maviosa e sua interpretação cheia de sentimento. A música parece transformá-la em outra pessoa: de pé, no meio do palco, ela canta paixões e desenganos de forma tão comovente que Aion, extasiado, se levanta e aplaude.
- Ora! Contenha-se, rapaz! - diz a jurada mais velha.
No alto da árvore, os dois pequeninos mantêm o espírito.
- Ai, como dói... - diz um deles.
- O coração?
- Não... a barriga!
Caesarparken, maravilhado, comenta com Mirwen:
- É a minha menina... como lembra a mãe!
Depois da prova de talentos, vem o desfile. E, tirando a comitiva de Ragul, a maioria parece concordar que Ulora, mesmo com a timidez voltando a tomar conta de seu olhar, é a mais bela.
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"Yezkeleth!", exclama a curandeira, cuspindo no chão alguma coisa que estava mascando. Fandar reconhece a expressão, uma fórmula popular para invocar a proteção divina. E ela diz:
- Para quem prega os mistérios dos deuses, você parece esperar muito dos olhos do corpo, meu jovem. Mas existem muitas formas de ver, que conheci a duras penas. Não é isso que ensinam os homens santos? Sábio é aquele que mostra aos outros o que vê e aceita também o que só os outros enxergam. Eu, por exemplo, preciso de você. Pode entrar aqui, por favor?
Astaroth pousa no quintal e parece estar procurando algo no chão.
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O júri volta a se reunir. Aion vota em Ulora, enquanto as duas mulheres e os anões preferem Tanita. O jovem, vendo que a filha do mercador será a vencedora, se revolta:
- É um absurdo! Como vocês podem fazer uma coisa dessas?
A mulher mais velha, porém, o repreende:
- Deixe de impertinências, moleque. Você pode entender de camponesinhas, mas não sabe julgar uma Princesa da Cenoura.
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Um garotinho se aproxima e diz: "Moço, minha irmã cansou de esperar e disse pra eu vir aqui perguntar se você é o escolhido".
E aí, o que você faz?2
Ainda um pouco desconfiado fandar entra no casebre (não poderia ignorar uma invocação divina), e pergunta: "Em que posso lhe ajudar, cara senhora?"
Tyssine agracece a Enorim, dizendo:
Compreendo, doce bardo. As vezes o destino se coloca acima de nossas vontades. De qualquer forma obrigada, e parabéns pela bela música tocada durante apresentação. Você poderia toca-la novamente mais tarde? Bom, mas por hora preciso ir.
Com uma saudação de corte, Tyssine se despede de Enorim.
Enquanto todos se entretem com a apresentação no palco, os olhos de Tyssine se voltam em outra direção, procurando por uma certa filha de barão que possa estar por ali assistindo ao espetáculo.
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